Desde que comecei a pesquisar consumo erótico feminino, em 2007, tenho me deparado com bastante preconceito e resistência. Não é só por parte da sociedade e dos indivíduos que a compõem (como comentarei em postagem futura) que, muitas vezes, torcem o nariz para a mulher que consome produtos eróticos (lembram-se do caso da Luana Piovani, que foi criticada em redes sociais por ter postado uma foto na qual, acidentalmente, um vibrador aparecia em segundo plano?). Mas também por parte da comunidade acadêmica. Alguns de meus pares, isto é, pesquisadores e professores de Marketing, compreendem o que estou fazendo e acreditam na relevância de minha pesquisa. Mas muitos outros preferem fingir que o consumidor não tem sexualidade, não compra e usa produtos eróticos e que a indústria erótica não existe. Mas ela existe, o consumidor faz, sempre fez e sempre fará sexo, usando produtos antes, durante e depois do ato. Por esses motivos e outros mais, consumo erótico é um tema a ser pesquisado pela área de Marketing, sim. Se, por um lado, colegas que têm a minha idade ou mais velhos estranham ou repudiam minha pesquisa, por outro lado, alunos, em sua vasta maioria bem mais novos do que eu, não têm demonstrado preconceito contra o tema. Sempre se interessam pelos comentários que faço em aula a respeito de minha pesquisa, riem, se encabulam um pouco no começo, mas parecem entender o tema como pertinente e relevante na contemporaneidade.
Pois foram justamente meus alunos de Administração que me apresentaram o infográfico animado que compartilho aqui hoje. Obrigada, Marília e Gustavo! E esta animação foi feita também por um aluno, não meu, mas da graduação em Design na PUC-Rio, o Caio Bahouth. Os números apresentados na animação estão de acordo com os que encontrei em fontes secundárias. A ABEME, Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico e Sensual, é uma boa fonte de dados, compilando, de maneira organizada e profissional, estatísticas sobre o consumo erótico e sobre a indústria. A mensagem principal do vídeo criado pelo Caio coincide ainda com um dos meus achados centrais: produtos eróticos são usados, predominantemente, para apimentar a relação a dois. Então, aquelas velhas histórias de que vibrador serve para mulher “encalhada” ou de que vibrador ameaça a posição do homem na conjugalidade são apenas mitos. Minhas entrevistadas não pretendem substituir o homem pelo vibrador (fiquem tranquilos, meninos!). Ao contrário, elas querem usar os mais variados produtos eróticos (vibradores clitoridianos ou fálicos, cosméticos, anéis penianos, algemas, fantasias e muitos mais) com seus parceiros (ou parceiras). Então, consumo erótico feminino pode ser construtivo para os relacionamentos, e não destrutivo como os antigos mitos sugerem. A indústria, por sua vez, deve investir em produtos que deem prazer para os dois integrantes do casal e que fomentem o laço emocional entre eles, como mostra o vídeo.