Pessoal, vejam o mimo que recebi da Inside Cosméticos. Um kit com vários produtos para uso a dois. Não é meu papel testar produtos, mas posso fazer vários comentários provenientes da minha pesquisa quanto aos cosméticos eróticos em geral e à marca Inside em particular. São informações que gosto de compartilhar, porque ajudam a desmistificar o consumo erótico feminino. Não é feio; não tem nada de errado; se não houvesse sexo, nenhum de nós estaria aqui, não é mesmo?
- Cosméticos eróticos são os produtos mais vendidos pela indústria erótica brasileira. Eles vendem muito porque são mais baratos que, por exemplo, vibradores. Porque causam menos vergonha no ato da compra. Porque a mulher brasileira ama cosméticos. E porque servem para o uso a dois, apimentando relacionamentos – e é isso que elas querem! Por todos esses motivos, cosméticos eróticos costumam ser o que chamamos de “produtos de entrada”. Isto é, o primeiro tipo de produto erótico que uma consumidora compra na vida.
- Uma das minhas entrevistadas me contou que não confia nas marcas de cosméticos eróticos porque não as conhece. Como vários dos cosméticos eróticos são comestíveis ou lambíveis, ela disse ter “nojo” deles. Vejam o que ela falou sobre o uso de produtos comestíveis nas práticas sensuais do casal:
Às vezes, tem umas viagens, assim, de comida, né? Mas já deu muita merda. Tipo sorvete no lençol, mó merda. Aí vira o pote, aí puta que pariu! Melhor não fazer em casa (risos). (…) Coisas assim, de comer. Mas de marcas reconhecidas (risos). Sorvete Kibon. Não é sorvete do sex shop (risos). (Patrícia, 34 anos)
Em casos como o dessa consumidora, a embalagem se torna uma peça de comunicação chave. Se a consumidora não tem intimidade com a marca, a embalagem precisa ser informativa, atraente e persuasiva. Precisa inspirar confiança. A Inside é uma marca que chama atenção pelo capricho das embalagens e de sua comunicação visual. Há uma evidente preocupação com a identidade visual da marca e com outros estímulos visuais que ela oferece aos consumidores, transmitindo uma mensagem de modernidade e profissionalismo. O stand da Inside na Erotika Fair costuma ser um dos mais bonitos e mais visitados. Veja o videozinho abaixo.
- Isso me leva ao terceiro ponto: fabricantes de cosméticos eróticos são proibidos pela ANVISA de inserir qualquer menção a sexualidade nos rótulos de seus produtos. Em teoria, a ANVISA regulamenta dizeres em embalagens e rótulos de quaisquer produtos a fim de proteger o consumidor. Mas, neste caso, ela o está prejudicando. Porque fabricantes não podem explicar a usabilidade dos cosméticos eróticos nos rótulos, as consumidoras adquirem o produto e, quando chegam em casa e vão usá-lo, podem ficar confusas. A variedade de funções dos cosméticos eróticos é enorme (gel que esfria, gel que esquenta, gel anestésico para sexo anal, gel que contrai a musculatura da vagina, gel que prolonga a ereção, uns comestíveis outros não). Como a consumidora vai saber, em casa, qual produto faz o quê? Ao adotar essa medida ultraconservadora, a ANVISA prejudica as consumidoras em vez de protegê-las. Clique na foto abaixo para ver os rótulos de perto.
- Por último, gostaria de lembrar que o discurso das vendedoras passa também a ser importantíssimo para o consumo de produtos eróticos. São elas que vão, na loja, explicar às consumidoras as funções de cada cosmético e como usá-lo. Por isso, precisam ser muito bem treinadas, não apenas quanto à usabilidade dos produtos que vendem, mas também quanto a anatomia, sexualidade e relacionamentos. Elas se tornam verdadeiras confidentes das consumidoras.